Vídeo mostra jovem de Vera implorando para viver: “eu não fiz nada”

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Os sargentos Roberto Dutra de Lima e Fábio Júnior dos Santos estão sendo investigados em inquéritos da Polícia Militar e da Polícia Civil, ambos sigilosos, pela morte do operador de máquinas Diego Kaliniski e pela tentativa de homicídio de seu irmão Dhione Kaliniski no dia 5 de fevereiro deste ano.

Um dos vídeos anexados ao inquérito mostram Diego implorando para viver. A todo momento, conforme as gravações, o jovem alega que “não fez nada” e pede para os policiais não prendê-lo.  Em seguida, ele é baleado pelos agentes da lei e morre no local.

O som estava desligado

Informações de depoimento de vítimas, que presenciaram o assassinato de Diego Kaliniski, também indicam que o som automotivo estava desligado quando os policiais chegaram no local.

A presença dos policiais no local seria justificada, em tese, pela poluição sonora. De acordo com depoimentos, porém, os policiais estavam na proximidade para atender a uma ocorrência de acidente. Segundo uma das testemunhas, Diego foi agredido pelos militares quando questionou o fato de ter sido multado mesmo com o som desligado.

No mesmo depoimento, a testemunha conta que a reação dos policiais foi desproporcional e indica que os militares não chamaram reforços e não utilizaram armas não letais para conter a confusão.

“O sentimento não é nem de tristeza, é de raiva, ele era trabalhador, amigo de todo mundo, foi foda o que fizeram com ele, ele reagiu porque estava com raiva, porque havia apanhado bastante, a cabeça dele estava toda machucada”, conta.

Irmão e pais também foram baleados e quase mortos

Logo que souberam da notícia, os pais de Diego foram até os policiais. Em desespero, eles discutiram com os dois policiais, que reagiram com mais violência e mais tiros.

A reportagem  obteve imagens dos ferimentos no corpo da mãe de Diego, que mesmo após a morte do filho, também foi agredida.

De acordo com relatos de testemunhas, o tiro também seria fatal e poderia matar Lúcia Pereira Rodrigues Kaliniski, mãe de Diego. No entanto, durante o ocorrido, ela teria sido puxada pelo braço pelo marido, o que fez com que o tiro acertasse a região da virilha.

Lúcia contou, em depoimento, que foi informada da morte do filho por seu outro filho, Dhione, que também estava no local. Ela e o marido, Ailton Kaliniski, foram até o local, o marido perguntou quem fez aquilo e as pessoas ao redor apontaram para os policiais.

De acordo com outros depoimentos, os policiais permaneceram no local do crime e Ailton “partiu para cima” de um dos militares quando viu o filho morto e os responsáveis pela morte próximo do corpo dele. Um dos policiais reagiu atirando contra o pai, mas o disparo o acertou de raspão.

Conforme o relato do irmão de Diego, Dhione Kaliniski, a confusão começou porque os policiais teriam tomado o celular de Diego quando ele procurava a carteira de habilitação digital. Incomodado, Diego pegou o talionário de multas dos policiais e disse “Devolvo se vocês devolverem meu celular”.

Policiais tentaram engatilhar espingarda antes da confusão

Foi então que a confusão mostrada nos vídeos começou. Em seu depoimento, Dhione Kaliniski também relata que tomou um tiro na perna e, além disso, uma terceira pessoa, que também prestou depoimento à polícia havia tomado tiro.

Em outro depoimento, uma testemunha presente no local, nega que Diego tenha tentado agredir os policiais. Segundo ele, a reação foi proporcional as agressões sofridas. Sobre a tentativa de retirar Diego da viatura, a testemunha diz que o irmão dele reagiu dessa forma porque Diego dizia que “não tinha feito nada” e pedia ajuda.

Um dos jovens que foi baleado contou, em seu depoimento, que os policiais estavam com uma espingarda calibre 12 no começo da ocorrência. Um dos policiais tentou engatilhar a arma, mas não conseguiu. Entregou então a espingarda para o colega, que tentou sem sucesso engatilhar novamente.

A arma calibre 12 funciona tanto com munições letais quanto não letais. A espingarda foi apreendida pela polícia para a realização de perícia. Duas munições não letais (bala de borracha) também foram apreendidas. A alegação dos policiais é de que, como não conseguiram engatilhar a arma, tiveram que utilzar as pistolas com munições comuns.

Outro lado

Em nota, a Polícia Civil informou que o inquérito segue em andamento. O inquértio Policial Militar foi concluído na Corregedoria, segundo a Polícia Militar.

Nota da Polícia Militar

A respeito dos questionamentos do inquérito policial sobre a ocorrência registrada no município de Vera, no dia 05 de fevereiro deste ano, a Polícia Militar de Mato Grosso informa que:

– O inquérito instaurado pela Corregedoria-Geral foi concluído;

– Dentro do código da PMMT, os militares respondem por: Homicídio Simples (Art. 205) e Lesão Corporal (Art. 209);

– Os policiais envolvidos na ocorrência foram transferidos para o 11º Batalhão de PM, em Sinop.

Nota da Polícia Civil

A Polícia Civil informa que o inquérito policial instaurado na Delegacia de Vera para apurar a morte do jovem Diego Kaliniski, ocorrido no dia 05 de fevereiro, durante uma abordagem da Polícia Militar, segue em andamento na unidade policial.

Durante os trabalhos, foram realizadas oitivas de testemunhas e outras diligências para levantamento de todas as informações necessárias ao esclarecimento dos fatos.

O delegado responsável pelas investigações, Victor Hugo Caetano de Freitas, aguarda apenas a disponibilização de alguns laudos periciais para conclusão dos trabalhos, devendo o inquérito policial ser relatado até o final do mês de abril.

VEJA O VÍDEO: ATENÇÃO IMAGENS SÃO FORTES

Midia Jur

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