O Ministério Público do Pará pediu que o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos explique, em até cinco dias, as afirmações da ex-chefe da pasta, Damares Alves (Republicanos-DF), sobre suposto tráfico internacional de crianças na região do arquipélago do Marajó.
No último sábado (8), Damares afirmou, durante um culto e sem apresentar nenhuma prova, que teria tomado conhecimento desse caso enquanto ministra.
A senadora eleita disse que saberia de casos de estupro de recém-nascidos, de jovens que viviam sem dentes para praticar sexo oral e que comiam comida pastosa para ter o intestino livre e realizar sexo anal.
Damares, que afirmou ter descoberto a situação durante a visita de uma comitiva presidencial ao local, disse ter vídeos de pelo menos parte desses casos, mas até o momento, não os apresentou. Também declarou que registros de estupros de menores seriam vendidos por até R$ 100 mil.
“O Ministério Público do Estado do Pará solicita que seja encaminhada documentação existente nesse Ministério [da Mulher, Família e dos Direitos Humanos], no prazo de cinco dias, bem como eventuais esclarecimentos a respeito de medidas tomadas sobre os fatos alegados, a fim de que os relatos sejam investigados e todas as providências cabíveis adotadas”, afirmou o Ministério Público do Pará em documento, nesta terça-feira (11).
“Até o presente momento nenhum dos fatos relatados pela ex-Ministra Damares Alves foi encaminhado formalmente aos Promotores de Justiça que atuam na região do Marajó”, informou o órgão em documento assinado por 11 promotores de Justiça do estado.
O Ministério Público Federal também já havia cobrado da pasta uma explicação sobre as afirmações de Damares.
A Polícia Civil do Pará, ao mesmo tempo, solicitou que o ministério apresente “com máxima urgência, todas as informações relatadas, incluindo documentos, mídias e tudo mais que possa subsidiar o desenvolvimento dos necessários procedimentos investigatórios”.
Segundo o jornal O Globo, a Polícia Federal também não recebeu nenhuma denúncia sobre o caso, tampouco o governo do estado tem conhecimento de tais fatos.