No parque de Sierra Nevada, na Venezuela, a geleira La Corona, localizada no Pico Humboldt, está desaparecendo rapidamente devido ao aquecimento global. Com a preocupação de preservar esse importante patrimônio natural, autoridades decidiram adotar uma técnica controversa: cobrir a geleira com uma manta gigantesca para evitar seu derretimento.
Há pouco mais de meio século, a Venezuela possuía cinco geleiras, totalizando quase 1.000 hectares de gelo. No entanto, o recuo das geleiras começou no século XIX e se intensificou no século XX, principalmente devido às emissões de gases de efeito estufa. Atualmente, a geleira La Corona está praticamente reduzida a uma pequena área no topo do Pico Humboldt, com menos de dois hectares. Especialistas alertam que, nessas condições, o desaparecimento da geleira é considerado irreversível.
Inspirado por métodos utilizados em estações de esqui na Europa, o governo venezuelano decidiu aplicar rolos de plástico polipropileno sobre a superfície congelada da montanha. Essa medida, realizada com o auxílio de helicópteros, tem o objetivo de proteger a geleira da radiação solar e retardar seu derretimento.
Enquanto algumas autoridades defendem a eficácia da técnica, especialistas levantam preocupações sobre seus potenciais impactos negativos. O glaciologista francês Antoine Rabatel questiona a viabilidade da medida a longo prazo, destacando que a manutenção das mantas plásticas pode ser difícil em condições de aquecimento global. Ecologistas e acadêmicos também expressam sua preocupação, alegando que a cobertura plástica pode prejudicar os estudos de vegetação e representar riscos de contaminação.
Com o derretimento das geleiras dos Andes previsto até o final do século, a situação da La Corona no Pico Humboldt reflete um problema mais amplo enfrentado pela região. O impacto das mudanças climáticas sobre os recursos naturais exige a busca por soluções sustentáveis e o enfrentamento de desafios complexos.
Fonte: G1