Nesta quarta-feira (19), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 10,50% ao ano. Todos os diretores do Copom, incluindo o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, votaram pela manutenção da taxa, decisão que aliviou o mercado financeiro.
Após sete reduções consecutivas na taxa básica de juros, a decisão de fazer uma pausa nos cortes veio de forma unânime, algo que os analistas consideraram fundamental. Essa unanimidade ameniza a percepção de uma possível divisão política dentro do Banco Central e indica que as decisões são tomadas com base em aspectos técnicos.
Na reunião anterior, realizada em 8 de maio, houve uma divisão de votos, com os antigos diretores favorecendo um corte de 0,25 pontos percentuais, enquanto os novos diretores, indicados pelo presidente Lula, votaram por um corte de 0,50 ponto. O desempate foi feito por Campos Neto, que optou pelo corte menor. Isso gerou receios de que os novos diretores pudessem seguir uma política monetária mais frouxa, alinhada com os desejos do governo.
A decisão unânime desta quarta-feira foi vista como um sinal de compromisso com a estabilidade econômica, aliviando os investidores. “Essa unanimidade sugere que os novos diretores estão alinhados com uma postura mais cautelosa do Copom”, afirma Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.
A decisão de manter a Selic em 10,50% foi bem recebida, com expectativas de que isso leve a uma queda nas taxas de juros e no câmbio, além de reduzir a pressão de venda na bolsa de valores brasileira. Segundo Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, “o cenário fortalece a expectativa de que futuras decisões serão baseadas em fatores técnicos e não políticos”.
Recentes declarações do presidente Lula, criticando o Banco Central e seu presidente, Roberto Campos Neto, aumentaram as preocupações do mercado sobre uma possível divisão política no BC. Lula afirmou que o Banco Central “trabalha para prejudicar o país”, intensificando a tensão antes da decisão do Copom.
Economistas apontam que a principal razão para a pausa nos cortes da Selic é a desancoragem das expectativas de inflação. O cenário global também contribuiu para a decisão, com incertezas sobre a política monetária nos Estados Unidos e a velocidade da desinflação em diversos países.
Em comunicado, o Copom destacou que a política monetária deve permanecer contracionista por tempo suficiente para consolidar o processo de desinflação e ancorar as expectativas de inflação em torno das metas estabelecidas. O comitê reforçou seu compromisso com a estabilidade econômica e a convergência da inflação à meta.
Fonte: G1