O economista e fundador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile, criticou duramente o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela falta de avanços na reforma agrária. Segundo Stedile, após um ano e meio do terceiro mandato de Lula, a desapropriação de terras e o crédito para assentados não progrediram, assim como o Pronera (Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária).
“Desapropriação não avançou. O crédito para os assentados não avançou, nem o Pronera. O Pronera é o negócio mais civilizatório que qualquer governo de direita pode fazer, porque é viabilizar o acesso dos jovens camponeses à universidade. Então, é uma vergonha. Não pode dizer que falta dinheiro”, afirmou Stedile.
Apoio Crítico
Apesar de ser um apoiador de Lula e ter trabalhado na campanha eleitoral que elegeu o presidente em 2022, Stedile avalia a política de democratização de terras do governo com nota três. No entanto, ele continua defendendo a gestão de Lula contra seus adversários.
“O governo Lula foi eleito por nós e temos que defendê-lo frente aos seus inimigos. Os inimigos do governo Lula são as multinacionais e o capital financeiro. O latifúndio predador e parte do agronegócio”, declarou.
Herança Maldita
Stedile critica a redução do Estado após a gestão de Dilma Rousseff, que deixou o governo atual aquém das expectativas da classe trabalhadora. Ele destaca a precarização do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) como um exemplo dessa deterioração.
“Em dez anos, agora que vão fazer um concurso. Se tu for olhar as necessidades que tem para o Incra, vão dar 700 funcionários. O Incra já teve 12 mil funcionários na época da ditadura, agora tem 4 mil – e mil deles se aposentando. Então, fazer um concurso para 700, é enxugar gelo”, explicou Stedile.
Popularidade em Queda
Para Stedile, essa “herança maldita” impede que o governo Lula implemente políticas públicas eficazes, afetando negativamente sua popularidade. “Ele está com dificuldades de implementar políticas públicas para resolver os problemas da população. Por isso que não decola o aumento da popularidade. Ao contrário, está diminuindo”, concluiu.
Fonte: IstoÉ