O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), através das promotorias de Justiça do Núcleo de Defesa da Vida, apresentou seis denúncias contra policiais militares envolvidos em homicídios em Cuiabá e Várzea Grande. No total, foram denunciados 68 policiais militares e um segurança particular, com alguns indivíduos sendo mencionados mais de uma vez.
As denúncias são resultado da ‘Operação Simulacrum’, iniciada em março de 2022 pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual. A operação contou com a expedição de 34 mandados de busca e apreensão pela 12ª Vara Criminal da Comarca de Cuiabá.
Em 2023, mais de um a cada três homicídios na região foram cometidos por policiais militares, segundo os promotores de Justiça. Esse cenário alarmante reforça a necessidade de intervenção do Sistema de Justiça para interromper essa escalada de violência, que afeta principalmente jovens de periferias, marcados pela cor da pele e condição social.
Os fatos investigados resultaram em 23 homicídios consumados e outras nove vítimas que sobreviveram. As perícias indicaram que a quantidade de disparos efetuados pelos policiais era incompatível com os relatos de “conflito” registrados oficialmente. Em todos os casos, houve falta de preservação e alterações significativas nas cenas dos crimes.
Casos exemplares incluem veículos de supostos “assaltantes” atingidos por mais de 100 disparos de armas de grosso calibre, sem que houvesse registro de disparos em resposta. Outro ponto em comum foi a presença de um segurança particular, que fornecia informações sobre alvos fáceis, resultando na interceptação e morte dos indivíduos pelos policiais, que alegavam ter recebido “informações anônimas” para justificar as abordagens.
Segundo os promotores, os inquéritos na Justiça Militar colocaram obstáculos à apuração dos desvios de conduta. As investigações revelaram que o grupo seguia um modus operandi específico: um segurança particular recrutava as vítimas para supostos crimes, preparava a ação policial simulada, reunia-se com as vítimas e, finalmente, recebia pagamento pela cooptação e participação nos crimes.
As denúncias vieram à tona após a confissão de um dos envolvidos, que agora faz parte do Programa de Proteção às Testemunhas.
Fonte: BaixadaCuiabana