Brasil não ficará inabitável em 2070: Desvendando o estudo da NASA

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Um artigo da NASA intitulado “Quente demais para lidar: como as mudanças climáticas podem tornar alguns lugares quentes demais para se viver” gerou alvoroço nas redes sociais, com muitos alegando que o Brasil se tornaria inabitável dentro de 50 anos devido às altas temperaturas. No entanto, a verdade é mais complexa.

O artigo, escrito pela Equipe Editorial Científica da NASA, alerta para o aumento de incidências de calor e umidade extremos devido ao aquecimento global. Ele menciona um estudo chamado “O surgimento de calor e umidade muito severos para a tolerância humana”, que introduz o conceito de temperatura de bulbo úmido (TW), uma medida padrão para avaliar o “estresse térmico”. No entanto, nem o artigo da NASA, datado de 8 de maio de 2020, nem o estudo citado mencionam que o Brasil se tornaria inabitável em 50 anos. De fato, o estudo nem sequer cita o Brasil.

O que é o bulbo úmido mencionado no estudo da NASA?

O bulbo úmido é uma medida que combina temperatura do ar com umidade relativa, refletindo a capacidade do corpo de resfriar-se através da evaporação do suor. A NASA explica que essa medida é crucial para determinar se as condições podem ser prejudiciais à saúde humana, ou até mesmo fatais. Colin Raymond, autor do estudo de 2020, afirma que a temperatura máxima de TW suportável por seres humanos é de cerca de 35°C por pelo menos seis horas.

E como o Brasil foi incluído na lista dos “inabitáveis”?

A pesquisa liderada por Raymond foca no perigo do calor úmido, mais intenso do que se pensava. O Brasil não é mencionado diretamente. As conclusões indicam que, com o cenário atual de emissões, o TW poderia exceder regularmente 35°C em partes do Sul da Ásia e Oriente Médio até o terceiro trimestre do século XXI.

No final do artigo de 2022 da NASA, Raymond menciona que regiões como o sul da Ásia, Golfo Pérsico, Mar Vermelho até 2050; e leste da China, partes do sudeste da Ásia e o Brasil até 2070 poderiam ultrapassar os 35°C de TW.

Realidade e percepções

Pedro Camarinha, do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), esclarece que não há base científica para afirmar que o Brasil se tornará inabitável. Ele ressalta que qualquer projeção de 30 anos no futuro dependeria de várias outras variáveis além da temperatura do bulbo úmido.

Carlos Nobre, “guardião planetário”, alerta para um cenário catastrófico se não agirmos urgentemente. Ele enfatiza que, sem ações rápidas, não conseguiremos aplicar soluções para impedir que o país sofra com temperaturas extremas até 2070.

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