A China expressou nesta quarta-feira (21) sérias preocupações em relação a um plano estratégico nuclear dos Estados Unidos, recentemente aprovado pelo presidente Joe Biden, conforme revelado pelo jornal The New York Times. A nova estratégia americana, altamente confidencial, estaria reorientando o foco da dissuasão nuclear para enfrentar o rápido crescimento do arsenal nuclear chinês, uma mudança que preocupa profundamente Pequim.
Durante uma coletiva de imprensa, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, destacou que o arsenal nuclear chinês “não está no mesmo patamar que o dos Estados Unidos” e reafirmou que a política nuclear chinesa é de “não ser o primeiro a usar armas nucleares”. Mao Ning criticou a retórica dos Estados Unidos sobre uma “ameaça nuclear chinesa”, classificando-a como um pretexto para evitar suas responsabilidades no desarmamento nuclear, expandir seu próprio arsenal e obter uma vantagem estratégica global.
A China, segundo a porta-voz, adota uma estratégia de autodefesa nuclear, mantendo suas forças no “nível mínimo necessário” e não tem intenção de entrar em uma corrida armamentista com outros países. Mao Ning ainda lembrou que os Estados Unidos possuem “o maior e mais avançado arsenal nuclear” e seguem uma política de dissuasão que considera o uso de armas nucleares em primeiro lugar, o que, segundo ela, torna os EUA “a maior ameaça nuclear e criador de riscos estratégicos no mundo”.
A representante chinesa pediu que Washington cumpra suas obrigações com o desarmamento nuclear e continue a reduzir significativamente seu arsenal. O plano estratégico dos EUA, segundo o The New York Times, foi modificado em março deste ano e visa, pela primeira vez, preparar o país para desafios nucleares combinados de China, Rússia e Coreia do Norte.
O documento, atualizado a cada quatro anos, é mantido sob extremo sigilo, com poucas cópias impressas distribuídas a autoridades de alto escalão e comandantes do Pentágono. De acordo com o NYT, o documento deve ser apresentado ao Congresso antes do término do mandato de Biden, em janeiro de 2025. Em outubro de 2023, o Pentágono revelou que a China possuía 500 ogivas nucleares até maio e que esse número poderia chegar a 1.000 até 2030, superando as projeções anteriores.
Fonte: Jovempan