Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas não provoca grandes mudanças na taxa de câmbio
O dólar à vista encerrou a sessão desta segunda-feira (22) em queda de 0,60%, cotado a R$ 5,57, após uma semana de ganhos que superaram 3%, quando a moeda americana ultrapassou o nível de R$ 5,60. A entrada de fluxo comercial e recursos da oferta secundária de ações da privatização da Sabesp, com liquidação ocorrendo hoje, contribuíram para essa redução.
A divulgação do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do terceiro bimestre, evento mais aguardado do dia, não causou grandes impactos na taxa de câmbio. O relatório confirmou a contenção de gastos em R$ 15 bilhões no Orçamento deste ano, conforme antecipado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com detalhes do congelamento previstos para serem divulgados em 30 de julho.
Recuperação das Moedas Latino-Americanas
Após um período de busca por posições defensivas devido ao apagão cibernético e incertezas sobre as eleições americanas, as divisas latino-americanas se recuperaram. A saída de Joe Biden da corrida presidencial, com a provável entrada da vice-presidente Kamala Harris, reduziu o favoritismo de Donald Trump, conhecido por sua retórica agressiva contra a China e tendências protecionistas.
O real brasileiro ficou em terceiro lugar entre as moedas emergentes mais valorizadas em relação ao dólar, atrás apenas do peso mexicano e do peso colombiano. Os cortes de juros na China, apesar de considerados insuficientes, ajudaram na recuperação das moedas latino-americanas, mesmo com a queda das commodities como minério de ferro e cobre.
Desempenho do Dólar ao Longo do Dia
Após uma alta pontual na abertura, quando atingiu R$ 5,6100, o dólar à vista operou em baixa ao longo do dia. A mínima foi registrada no início da tarde, com a moeda descendo a R$ 5,5361, enquanto o mercado absorvia declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre possíveis bloqueios no Orçamento sempre que necessário.
Antes mesmo da divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas, o dólar já havia reduzido o ritmo de queda, alinhando-se com o mercado externo e sendo negociado na casa de R$ 5,56. No fechamento do dia, a moeda era cotada a R$ 5,5701, acumulando uma leve desvalorização de 0,33% no mês, mas uma alta de 14,77% no ano.
Perspectivas Fiscais e Cambiais
Em entrevista sobre o relatório bimestral, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, reiterou que novos bloqueios no Orçamento serão feitos se necessário. Ceron destacou que os números divulgados traçam um cenário diferente do ambiente de incerteza e aversão ao risco no mercado financeiro.
O Citi, em seu relatório, afirmou que a piora do panorama fiscal continua a influenciar negativamente o real. Apesar do recente anúncio de cortes de gastos para 2025, o banco mantém uma visão de incerteza elevada, prevendo a taxa de câmbio em torno de R$ 5,30 no final do ano, acima da previsão anterior de R$ 5,17 para dezembro de 2024.
Fonte: JovemPan