Maio marca o 12º mês seguido de temperaturas recordes, ressaltando os impactos do aquecimento global e a frequência de eventos climáticos extremos.
Nos últimos 12 meses, a temperatura global média atingiu níveis recordes mês após mês, em uma sequência “chocante”, conforme descrito por Carlo Buontempo, diretor do Serviço de Monitoramento das Alterações Climáticas do programa Copernicus (C3S). Em maio, a temperatura média global ficou 1,52°C acima dos níveis pré-industriais, sendo o 11º mês consecutivo em que a média ultrapassa 1,5°C.
Ameaças e Tendências Climáticas
Buontempo afirma que, embora essa série de recordes deva eventualmente ser interrompida, a influência das mudanças climáticas continua crescente, sem sinais de reversão. Desde 2015, os países se comprometeram a limitar o aquecimento global a menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais, com um esforço para manter esse aumento abaixo de 1,5°C, conforme o Acordo de Paris.
Nos últimos 12 meses, as temperaturas médias globais ficaram 1,63°C acima dos níveis registrados entre 1850 e 1900, antes da industrialização. Contudo, o limite de 1,5°C não foi ainda oficialmente quebrado, pois as médias anuais ainda consideram décadas e não períodos isolados. Atualmente, estima-se que a temperatura média global tenha subido entre 1,2°C e 1,3°C.
O ano de 2023 foi o mais quente já registrado, influenciado pelas mudanças climáticas causadas pela queima de combustíveis fósseis e pelo fenômeno natural El Niño. A Organização Meteorológica Mundial (OMM) prevê que pelo menos um dos próximos cinco anos (2024-2028) deverá superar o recorde de 2023.
Impactos do Aquecimento Global
O aquecimento global está intensificando eventos climáticos extremos. Na Índia, recentes ondas de calor implacáveis alcançaram cerca de 50°C em algumas regiões, resultando na morte de pelo menos 50 pessoas. No Rio Grande do Sul, chuvas intensas causaram inundações graves, desalojando mais de meio milhão de pessoas. Cientistas sugerem que o aquecimento global dobrou a probabilidade dessas chuvas e aumentou sua intensidade em até 6%.
Vulnerabilidades e Ações Necessárias
Os impactos das mudanças climáticas são especialmente severos para os trabalhadores informais na agricultura e construção civil, que não têm acesso a ar-condicionado e não conseguem evitar o calor extremo. Segundo a pesquisadora climática indiana Avantika Goswami, esses trabalhadores estão “absolutamente expostos”, enfrentando um enorme desafio de produtividade e uma crise de saúde pública.
Crianças, idosos e pessoas com deficiências são os mais vulneráveis. Estima-se que 1,2 milhão de crianças vivem em áreas altamente sensíveis às mudanças climáticas, com as menores de 5 anos correndo maiores riscos devido à sua limitada capacidade de regular a temperatura corporal.
Negociações e Financiamento Climático
Mais de 6 mil negociadores estão reunidos em Bonn, Alemanha, para discutir novas metas financeiras para o combate às mudanças climáticas, que serão decididas na COP29 em Baku, Azerbaijão, no fim de 2024. Países em desenvolvimento, que menos contribuíram para as mudanças climáticas, enfrentam os impactos mais severos e estão pedindo mais financiamento para reduzir suas emissões de carbono e lidar com eventos climáticos extremos.
Goswami destaca a necessidade de eliminar completamente os combustíveis fósseis, permitindo uma transição gradual para os países em desenvolvimento. Embora isso não reverta as temperaturas a curto prazo, é essencial para evitar os piores impactos no futuro.
Fonte: Planeta