Tentativa de Golpe na Bolívia: Confronto, Acusações e Intervenção Militar

0

A Bolívia viveu um dos episódios mais tensos de sua história política recente em apenas quatro horas na quarta-feira, com uma tentativa de golpe liderada pelo ex-comandante do Exército, Juan José Zúñiga. A ação envolveu invasão do Palácio Quemado, intervenção de tanques e uma dramática discussão cara a cara entre o presidente Luis Arce e Zúñiga, resultando na prisão do ex-comandante e de outros militares aliados.

A Invasão e Confronto Direto

Na tarde de quarta-feira, tanques e soldados, comandados por Zúñiga, invadiram o Palácio Quemado, antiga sede do governo boliviano. O presidente Luis Arce, que estava no prédio ao lado, foi imediatamente ao local. Lá, confrontou Zúñiga, ordenando a desmobilização das tropas. O confronto foi registrado por presentes, mostrando um tenso debate entre os dois.

Acusação de Autogolpe

Após a invasão frustrada, Zúñiga foi preso e, ao ser levado pela polícia, fez uma declaração surpreendente à imprensa, acusando o presidente Arce de orquestrar um autogolpe para aumentar sua popularidade antes das eleições de 2025. Segundo Zúñiga, Arce teria pedido que ele simulasse o golpe, o que elevaria a imagem do presidente como defensor da democracia.

Envolvimento de Evo Morales

Mesmo afastado do poder, o ex-presidente Evo Morales foi central na crise. Zúñiga foi destituído do comando do Exército no dia anterior ao golpe após ameaçar prender Morales caso ele voltasse ao poder. Arce, apesar de ser um rival político atual de Morales, defendeu o ex-presidente, evidenciando as complexas dinâmicas políticas dentro do Movimento ao Socialismo (MAS).

Intervenção Militar e Desmobilização

A tentativa de golpe envolveu um tanque de guerra arrombando a porta do Palácio Quemado. No entanto, após a dramática confrontação e ordens do presidente Arce, as tropas rebeldes foram desmobilizadas. Arce destituiu os comandantes da Marinha e da Aeronáutica, nomeando novos líderes para garantir a lealdade das Forças Armadas.

Reações Internacionais

A tentativa de golpe foi amplamente condenada. A Suprema Corte da Bolívia, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e líderes regionais, incluindo o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, expressaram apoio à democracia boliviana e a Luis Arce. A ex-presidente Jeanine Áñez também repudiou a ação militar.

Contexto Histórico

A Bolívia tem um histórico recente de instabilidade política. Em 2019, Evo Morales foi deposto em um golpe após sua reeleição controversa. Jeanine Áñez se autoproclamou presidente interina, mas foi presa em 2021 junto com apoiadores do golpe de 2019. Em 2008, outra tentativa de golpe fracassou. A crise expõe as profundas divisões políticas na Bolívia, especialmente entre antigos aliados, como Arce e Morales, que agora competem pelo poder nas eleições de 2025. A tentativa de golpe sublinha a volatilidade política no país e a contínua luta pelo controle do Estado.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui