Um surto de vírus respiratórios têm atingido principalmente crianças nas últimas semanas, causando a superlotação dos pronto-atendimentos da Capital, assim como das UTIs (Unidades de Terapia Intensiva).
Entre os vírus mais comuns, que podem chegar a causar crises de bronquite, estão o sincicial, influenza e o metapneumovírus.
De alta transmissibilidade, esses agentes infecciosos podem causar sintomas como chiados no peito, redução da capacidade respiratória, febre, cansaço e tosse.
A reportagem entrou em contato com quatro hospitais em Cuiabá para saber a situação dos pronto-atendimentos e das UTIs nessas unidades de saúde.
Três deles – o Femina Hospital e Maternidade, o Santa Rosa e a Santa Casa – afirmaram estar com alta demanda nos pronto-atendimentos pediátricos.
Porém, o quadro do Femina é mais grave, pois houve suspensão das internações nos PAs e nas UTIs, uma vez que não há mais vagas disponíveis. Já no Santa Casa e no Jardim Cuiabá a situação ainda está sob controle.
“De fevereiro para março de 2023, o fluxo de pacientes pediátricos no Pronto-Atendimento do Hospital Santa Rosa aumentou 61,4%. Devido à grande demanda, o Hospital Santa Rosa continua operando com alto fluxo de atendimento pediátrico, impactando no tempo de consulta e exames”, explicou a assessoria.
Já a SES (Secretaria de Estado de Saúde) informou que um levantamento realizado na quarta-feira (29), apontava que 17 crianças aguardavam leitos de UTI pelo SUS.
“O outono é uma fase em que os vírus respiratórios têm altas incidências. Nós temos o vírus sincicial respiratório como principal agente nessa fase, que causa a bronquiolite. Junto com ele, nós temos esse ano uma ação bem significativa dos vírus da influenza, como o H1N1, influenza tipo A, tipo B, e um outro vírus chamado metapneumovírus”, explicou a pediatra Heleniza Damico em um vídeo de alerta aos pais. As crianças abaixo de três anos são mais acometidas por essas doenças virais.
De acordo com a médica, os pacientes devem ser primeiramente tratados em casa, se possível com o auxílio de pediatra, e deve se evitar levá-los diretamente ao hospital, até para que não haja maior exposição dessas crianças às outras doenças. Segundo ela, as unidades de saúde devem ser procuradas em casos de urgência e emergência.
“Esse alto índice de virose circulando é porque tivemos o início das aulas, Carnaval – onde teve aglomerações -, e estamos em uma fase que existe uma oscilação muito grande de temperatura. Essas quedas bruscas de temperatura facilitam a transmissibilidade dos vírus, e causa uma sobrecarga de atendimento. Infelizmente, por causa dessa demanda de [pacientes] com vômitos, diarreias, os PAs estão superlotados”, disse.
“Procure o pediatra que acompanha, mesmo que demore um pouquinho, porque os consultórios são melhores que o PA. Se teve febre, medique, espere, não saia correndo achando que é pneumonia. Dê um tempo para o corpo reagir, observar a criança, e só depois realmente procurar a emergência”.
Uma das indicações da médica, principalmente aos pais e responsáveis que tem recém-nascidos e crianças menores de três anos, é para que, caso seja possível, elas não sejam levadas à escola durante esse período de alta circulação dos vírus, que deve se encerrar em abril, e utilizar máscaras.
Porém, a médica frisou que a indicação não é para gerar pânico e também não é uma obrigação. O conselho é para os responsáveis que tem possibilidade de manter as crianças em casa, e assim evitar que o máximo delas adoeçam.
“Não é para fechar escola ou fazer isolamento das crianças. A orientação veio, principalmente, para as crianças menores de três anos, porque são as crianças que começaram na escola recentemente, que costumam adoecer a cada 1 semana, 15 dias”.
“Um bebê recém-nascido, com menos de 3 meses ou até 6 meses, se eles pegarem esse vírus, tem chance muito grande de ter uma insuficiência respiratória, porque ainda não tem a musculatura desenvolvida. Então, se tiver filho mais velho, evitar levar para a escola, para preservar a saúde dos bebês pequenos”.
Midia News