O uso de cigarros eletrônicos, conhecidos popularmente como vapes ou e-cigs, tem sido um tópico de crescente preocupação para organizações de saúde em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras entidades de saúde têm enfatizado os riscos associados a esses dispositivos, especialmente entre os jovens.
Os cigarros eletrônicos contêm nicotina e outros ingredientes potencialmente prejudiciais. Eles são capazes de liberar partículas ultrafinas que podem ser inaladas profundamente nos pulmões, além de conter substâncias como diacetil, composto ligado a doenças pulmonares graves, compostos orgânicos voláteis e metais pesados como níquel, chumbo e estanho.
Um ponto crítico é o impacto no desenvolvimento cerebral dos jovens. O desenvolvimento cerebral continua até cerca de 25 anos de idade, e a exposição à nicotina durante a adolescência e início da vida adulta pode causar dependência e prejudicar esse desenvolvimento. Estudos indicam que o uso de e-cigs tem aumentado dramaticamente entre os jovens, superando até mesmo o uso de cigarros convencionais.
Além disso, pesquisas recentes apontam para um aumento nos sintomas respiratórios entre jovens que usam e-cigs. Um estudo mostrou que os usuários tinham 81% mais chances de apresentar chiado e sintomas semelhantes à bronquite do que aqueles que nunca usaram esses dispositivos.
O Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor-Geral da OMS, enfatizou a necessidade de medidas estritas para prevenir o uso de e-cigs entre crianças e adolescentes, destacando que esses produtos são altamente viciantes e prejudiciais à saúde. Ele alertou sobre os riscos de desenvolvimento do cérebro e aprendizado, além dos danos potenciais ao feto em mulheres grávidas.
No contexto brasileiro, a Associação Médica Brasileira (AMB) alerta para a presença de nicotina na maioria dos vapes, substância responsável pela dependência e que, ao ser inalada, libera químicos que provocam sensação imediata de prazer. O médico Alexandre Milagres, coordenador do Centro de Apoio ao Tabagista, posiciona-se contrariamente à regulamentação desses dispositivos no Brasil, citando o risco de manutenção do mercado ilegal e o interesse da indústria tabagista em promover os e-cigs como menos prejudiciais.
A preocupação com o crescente uso de e-cigs entre jovens é global, com a OMS observando que crianças de 13 a 15 anos estão usando e-cigs em taxas maiores do que os adultos, e no Reino Unido o número de jovens usuários triplicou nos últimos três anos.
Esta matéria busca oferecer uma visão abrangente e atualizada sobre os riscos associados ao uso de cigarros eletrônicos, especialmente entre os jovens, reforçando a necessidade de conscientização e medidas regulatórias efetivas para proteger a saúde pública.
Peterson Prestes