Um levantamento realizado pelo Instituto Centro de Vida (ICV) aponta que Mato Grosso registrou o maior número de focos de calor no início deste ano em um quarto de século. De acordo com os dados do satélite de referência adotado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram contabilizados 1.710 registros de focos de calor em todo o estado. Esse quantitativo representa o maior número registrado no início do ano desde 1999, quando os registros começaram a ser feitos.
Vinícius Silgueiro, coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do ICV, destaca que somente nos primeiros 14 dias de março foram identificados mais 692 focos. Ele expressa preocupação com a situação, especialmente porque os efeitos do El Niño devem ser sentidos até junho. A partir de julho, com a chegada da La Niña, há o risco de estiagem e atraso nas chuvas, o que pode agravar a situação dos focos de calor, juntamente com o déficit hídrico.
Segundo Silgueiro, a maior parte dos focos ocorre em propriedades rurais com atividades agropecuárias. Embora queimadas controladas sejam permitidas com autorização da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), apenas 8% dos focos registrados neste ano ocorreram de forma autorizada. Isso sugere que a prática de queimadas está associada principalmente às atividades agropecuárias, seja para limpeza de áreas desmatadas recentemente ou para fragilizar a vegetação nativa visando ao desmatamento.
O coordenador ressalta que é mais eficaz investir em prevenção do que em combate aos incêndios. Ele também destaca a importância do alinhamento das ações com as ferramentas disponibilizadas pelo governo federal, enfatizando a necessidade de medidas preventivas urgentes diante do atual cenário.
Fonte: Gazeta Digital
