Médicos de Cuiabá citam falta de salário e demissão sem aviso

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    Médicos terceirizados que trabalharam na UPA do Verdão e na Policlínica do Coxipó denunciaram a empresa MedClin pela falta de pagamento de salários, desde o mês de fevereiro.

    Segundo os profissionais, que preferiram não se identificar, cerca de 100 médicos que atuaram nas unidades estão até agora sem receber o montante, além de terem perdido os empregos após o contrato da empresa com o Município ter sido rescindido, sem que fossem avisados.

    A empresa é de propriedade do médico Luiz Vagner Silveira Golembiouski, que foi ouvido pela reportagem e culpou a Prefeitura de Cuiabá e, agora, a Intervenção do Estado pelos atrasos (confira ao final da matéria).

    A contratação dos médicos, segundo o relato dos profissionais, se deu no início de janeiro. Segundo o relato, houve atraso desde o primeiro salário, pois Luiz Vagner ficou incomunicável e teria surgido dias depois dizendo ter sido assaltado.

    “Luiz nos garantia que seríamos pagos em dia, que não aconteceria a mesma situação que ocorreu com a empresa passada, que os contratos eram todos novos, com nova administração, então poderíamos ficar tranquilos e confiarmos”, disse um dos profissionais.

    “Depois de muita insistência nossa, ele fez os pagamentos, mesmo alegando que a Secretaria Municipal de Saúde não havia pagado a empresa”, disse.

    No final do mês seguinte, a conversa teria sido a mesma, dizendo que “a Prefeitura não havia feito o repasse, mas que os salários estavam garantidos”.

    “Muitos colegas desistiram, saíram da escala, e o Luiz pressionava os que ainda estavam cumprindo os plantões em março, dizendo que devíamos fazê-los, pois caso saíssemos ele poderia nos denunciar no CRM [Conselho Regional de Medicina], por precisar de um aviso prévio de um mês”, afirmou o profissional.

    Segundo os médicos, quando a Saúde Municipal foi assumida pelo Governo do Estado, o Luiz Vagner anunciou que havia saído do contrato com a Prefeitura.

    “De uma hora para outra informou que havia saído do contrato com a Prefeitura e que a empresa não prestaria mais os serviços. Isso sem nos dar explicações. Nos vimos sem os nossos trabalhos e sem o salário de fevereiro e março”, afirmou.

    O discurso de Luiz Vagner, segundo os profissionais, era de que assim que a Prefeitura fizesse o repasse para empresa, ele os pagaria.

    “Diversos médicos trabalharam somente para a MedClin nesse período, era nossa única fonte de renda, então os problemas financeiros que eu e diversos colegas passamos foram grandes”, afirmou outro profissional que preferiu não se identificar.

    “É exaustivo trabalhar com falta de recursos, sobrecarregado, com falta de medicamentos, equipe reduzida. A empresa fica com uma grande porcentagem do valor dos nossos plantões e ainda assim não recebermos”, disse.

    Outro médico que trabalhou para a MedClin à época, e preferiu também não se identificar,  alegou que a única coisa que os profissionais querem é o pagamento do serviço prestado.

    “Nem satisfação recebemos mais, apenas prazos semanais aos quais nunca são cumpridos”, disse.

    Outro lado

    A reportagem entrou em contato com o proprietário da empresa, que se isentou da culpa pelos atrasos.

    Segundo Luiz Vagner, os profissionais que trabalhavam para a empresa Family Medicina e Saúde Ltda, que abandonou a prestação de serviços em UPAs e policlínicas, teriam passado a trabalhar com ele pelo seu contrato a pedido da Saúde Municipal.

    Segundo Luiz, o primeiro pagamento caiu corretamente como o acordado, no entanto, com a Intervenção do Estado, os pagamentos teriam sido interrompidos.

    “Fiz o credenciamento público como pessoa jurídica. A minha empresa era apenas pra mim. Estava trabalhando só no meu contrato quando deu toda a situação com a empresa Family, que deu um calote na comunidade médica da Capital”, explicou.

    “Tanto que eu não tenho obtenção de lucro, só descontava o valor do imposto de cada um e passava o dinheiro para eles. Assim a gente combinou e começamos o serviço em janeiro”.

    Segundo Luiz, os médicos sabiam dos riscos de trabalhar com a Prefeitura quando aceitaram o emprego.

    “Os médicos, que já tinham tomado esse calote da Family, devem estar imaginando que eu já recebi e não quero pagar, mas eu cobro eles todo dia. Eu já perdi tudo que tinha, minha casa, carro. Essas notas fiscais emitidas eu tive que pagar o imposto, porque se eu não pago a nota deixa de ser válida”, afirmou.

    “A responsabilidade do pagamento deles não é da empresa, todos são cotistas, todos assinaram um contrato de cota de participação, sabiam dos riscos de trabalhar para a Prefeitura e todos aceitaram esse quadro de serviço.  Agora é muito fácil me culpar”, completou.

    Midia News

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