Como a Tecnologia e Informação Impactam a Vacinação no Brasil

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Rio de Janeiro (RJ), 21/08/2023 – O técnico em enfermagem, João Victor Pinho durante visita a paciente com vacinação em atraso, em Irajá, na zona norte da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Os esforços contínuos dos profissionais de saúde para manter o Brasil protegido contra doenças evitáveis são mais complexos do que simplesmente administrar vacinas. Após cada aplicação, estes “guardiões da imunização” devem registrar meticulosamente os dados nos sistemas do Programa Nacional de Imunizações (PNI). O sucesso de tais registros determina a eficácia das campanhas de vacinação e a capacidade do país de responder rapidamente a desafios emergentes, como baixas taxas de cobertura vacinal.

O diretor do PNI, Eder Gatti, destacou a necessidade urgente de padronizar todas as plataformas que registram vacinação no Brasil, para que alimentem diretamente a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS). Tal integração simplificaria a comunicação entre os sistemas e facilitaria o acesso do público às informações através do aplicativo ConectSUS. Esse app provou ser essencial durante a pandemia da COVID-19, servindo como uma ferramenta para fornecer certificados de vacinação.

Contudo, falhas no atual sistema de informação podem comprometer não apenas o entendimento das coberturas vacinais, mas também a gestão adequada das doses. Sem uma integração eficaz entre as salas de vacinação e a RNDS, é difícil rastrear doses perdidas, levando a possíveis desperdícios.

A jornada para informatizar o PNI iniciou em 1990, culminando na década seguinte com o Sistema de Informações do PNI (SI-PNI) alcançando todas as regiões do país. Mas, mesmo assim, o registro não era nominal, criando potenciais distorções nos dados coletados.

Antônia Teixeira, representante da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e ex-consultora técnica na área de sistemas de informação do PNI, refletiu sobre o valor da informatização e os desafios do modelo inicial. As limitações do modelo levaram à criação de um sistema nominal em 2009, possibilitando o registro de cada indivíduo vacinado.

Entretanto, a multiplicidade de sistemas criados por diferentes entidades — incluindo o Ministério da Saúde, estados e municípios — complicou a comunicação e integração de dados. Profissionais de saúde, que já lidavam com a expansão do calendário vacinal e alta rotatividade, enfrentaram ainda mais desafios para garantir a precisão dos registros.

O declínio das coberturas vacinais após 2015 evidenciou ainda mais os problemas existentes. Mesmo com a complexidade, os sistemas de informação se mostram vitais para identificar regiões onde a imunização está em falta, permitindo que recursos sejam direcionados de maneira eficaz.

Carla Domingues, consultora da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e ex-coordenadora do PNI, apontou para desafios adicionais como instabilidades no software e escassez de recursos humanos qualificados. A confiabilidade dos sistemas e uma equipe adequadamente treinada são cruciais para garantir a precisão dos dados, proporcionando assim um panorama real da situação vacinal do país.

A luta para aperfeiçoar a integração e eficiência dos sistemas de registro é contínua, mas é essencial para assegurar que os esforços de vacinação no Brasil continuem a proteger suas populações contra ameaças à saúde pública.

Da Redação

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