BC deve manter Selic em 10,50% nesta quarta, em meio a críticas de Lula

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Decisão sobre a taxa de juros será anunciada hoje após as 18h

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne nesta quarta-feira (19) e deve interromper o ciclo de cortes na taxa básica de juros, iniciado em agosto do ano passado. A projeção dos analistas financeiros indica que a Selic será mantida em 10,50% ao ano, o menor nível desde fevereiro de 2022.

Caso a manutenção se confirme, a taxa de juros brasileira continuará alta em comparação internacional. A decisão ocorre em meio a críticas intensas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a atual política do BC.

Lula critica duramente o Banco Central

Na terça-feira (18), Lula afirmou que “só existe uma coisa desajustada neste país: é o comportamento do Banco Central”. O presidente criticou a atuação política do presidente do BC, Roberto Campos Neto, nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e que tem mandato até o fim de 2024.

Lula destacou que os juros altos são “proibitivos” e impedem investimentos produtivos, crescimento econômico e geração de empregos. Em contrapartida, Campos Neto defendeu que a alta taxa de juros é necessária para controlar a inflação e lembrou que os aumentos ocorreram durante o ano eleitoral de 2022.

Decisões técnicas e independência do BC

O Banco Central, que atua de forma autônoma, alega que suas decisões sobre a taxa de juros são técnicas e visam conter a inflação. A instituição explicou que as mudanças na Selic levam de seis a 18 meses para impactar plenamente a economia.

Atualmente, o BC mira a meta de inflação de 3% para 2024, com uma margem de variação entre 1,5% e 4,5%. Contudo, as previsões do mercado financeiro indicam que a inflação deve ficar em 3,96% em 2024 e 3,80% em 2025, ultrapassando o centro da meta.

Fatores que pressionam a inflação

Vários eventos recentes têm pressionado as expectativas de inflação no Brasil. Entre eles, estão a proposta do governo federal de reduzir as metas de superávit primário, as enchentes no Rio Grande do Sul que afetam os preços de alimentos, e a alta do dólar, que encarece produtos importados.

A incerteza sobre a postura do Copom, especialmente com a possibilidade de uma direção mais leniente com a inflação a partir de 2026, também contribui para a política de juros conservadora. Além disso, a demora do Federal Reserve dos EUA em reduzir os juros limita o espaço para cortes no Brasil.

Impactos na economia

Especialistas apontam que a manutenção da taxa de juros em 10,50% pode ter diversos efeitos na economia:

  • Juros bancários: A estabilidade da Selic tende a influenciar as taxas cobradas pelos bancos, que permanecem altas.
  • Crescimento econômico: Juros elevados podem frear o consumo e os investimentos produtivos, impactando negativamente o PIB, o emprego e a renda.
  • Contas públicas: O aumento dos juros eleva as despesas com a dívida pública, que somaram R$ 718 bilhões em 2023.
  • Investimentos financeiros: Aplicações em renda fixa, como Tesouro Direto e debêntures, podem se tornar mais atraentes, enquanto o mercado acionário perde competitividade.

Fonte: G1

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