O ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega alerta que a elevada dívida pública brasileira está afastando o país de uma redução significativa nos juros e aproximando-o de uma crise fiscal de grandes proporções.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reunirá na próxima quarta-feira (19) para decidir o novo patamar da taxa básica de juros, a Selic. Após um período de redução gradual, o Copom pode interromper o ciclo de cortes. “O cenário atual pode levar a uma pausa, ou seja, em vez de cair, o Copom decidiria manter o nível atual dos juros”, afirmou Maílson da Nóbrega em entrevista à CNN.
Perspectiva de Manutenção da Selic
A Tendências Consultoria, onde Maílson é sócio, prevê que a Selic não encerrará o ano abaixo de dois dígitos. A principal razão para essa possível parada é a saúde fiscal do país. “As contas públicas influenciam fortemente as expectativas dos agentes econômicos. A atual situação da dívida pública e a rigidez do orçamento dificultam o cumprimento das metas fiscais”, explicou Maílson.
Situação Fiscal e Déficit Primário
O governo persegue a meta de zerar o déficit primário em 2024, mas especialistas acreditam que isso não será alcançado. O coordenador do Centro de Política Fiscal e Orçamento do FGV/Ibre, Manoel Pires, afirmou que, embora a arrecadação federal tenha crescido, o desempenho ainda não é suficiente para equilibrar o orçamento.
Impacto nos Juros
Com a crescente dívida pública, o Brasil enfrenta um “encontro marcado” com uma crise fiscal, segundo Maílson da Nóbrega. O mercado espera um último corte de 0,25 ponto percentual na Selic, que deve fechar o ano em 10,25%, conforme o Boletim Focus. Na última reunião, o Copom reduziu a taxa para 10,50%, destacando as incertezas fiscais como um fator chave.
Incertezas Fiscais e Inflação
As incertezas sobre a estabilização da dívida pública elevam a desconfiança e o risco, impactando negativamente as expectativas de inflação. Uma política fiscal expansionista pode aumentar a inflação a médio prazo, elevando também os juros.
Longo Prazo e Sustentabilidade Fiscal
Maílson da Nóbrega prevê que a dívida pública continuará crescendo até 2030. A proporção dívida/PIB elevada pode levar à falta de confiança no governo, resultando na evasão de investidores. Mesmo com juros altos, a falta de confiança pode manter a inflação elevada, reduzindo a eficácia da política monetária do Banco Central.
“A situação fiscal influencia negativamente a política monetária, reduzindo sua relevância”, concluiu Maílson.
Fonte: CNNBrasil