A eleição de Míriam Leitão para a cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras (ABL) gerou debates acalorados sobre os critérios de seleção e o papel da instituição na valorização da literatura brasileira. Embora a jornalista e escritora tenha uma carreira consolidada no jornalismo e na literatura, sua nomeação levanta questões pertinentes sobre a adequação de seu perfil ao seleto grupo de “imortais”.
Míriam Leitão é autora de 16 livros que abrangem gêneros como não ficção, crônicas, romances e literatura infantojuvenil. Entre suas obras mais conhecidas estão “Saga Brasileira: A longa luta de um povo por sua moeda”, vencedor do Prêmio Jabuti, e “Amazônia na encruzilhada: o poder da destruição e o tempo das possibilidades”, que lhe rendeu o Troféu Juca Pato de Intelectual do Ano em 2024.
Apesar desses reconhecimentos, críticos argumentam que sua produção literária não possui a profundidade e o impacto cultural esperados de um membro da ABL. A instituição, historicamente, tem sido composta por escritores cuja obra literária é central e transformadora na cultura brasileira.
A longa associação de Míriam Leitão com o Grupo Globo, onde atua como comentarista e colunista, levanta preocupações sobre a influência midiática na eleição para a ABL. Sua presença constante nos meios de comunicação pode ter contribuído para sua visibilidade, mas também suscita questionamentos sobre a imparcialidade do processo de seleção.
Além disso, sua atuação como analista política e econômica, frequentemente marcada por posicionamentos firmes, pode ser vista como uma politização da escolha, desviando o foco da contribuição literária para a influência política e midiática.
A eleição de Míriam Leitão aumenta o número de mulheres na ABL, passando a contar com cinco mulheres entre os 40 membros. Embora a representatividade feminina seja uma conquista importante, é fundamental que as escolhas sejam baseadas na qualidade literária e na contribuição cultural dos candidatos, evitando que critérios identitários se sobreponham à excelência literária.
A entrada de Míriam Leitão na ABL simboliza uma tentativa da instituição de se modernizar e refletir a diversidade da sociedade brasileira. No entanto, é crucial que essa modernização não comprometa os padrões de excelência literária que sempre definiram a Academia. A escolha de seus membros deve continuar a ser guiada pela profundidade, relevância e impacto cultural de suas obras, garantindo que a ABL permaneça como um bastião da literatura brasileira.