O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, aceitou o pedido de transferência de Ronnie Lessa para o Complexo Penitenciário de Tremembé, em São Paulo, além de retirar o sigilo de parte da delação premiada do ex-policial militar. A decisão foi tomada nesta quinta-feira (6).
Transferência para Tremembé
A defesa de Ronnie Lessa argumentou que a transferência para São Paulo permitirá que ele fique mais próximo de sua família. Atualmente, Lessa está preso na Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. No presídio de Tremembé, ele se juntará a outros detentos notórios, como o ex-jogador Robinho e Cristian Cravinhos, envolvido no caso Richthofen.
Condenação e Confissão
Ronnie Lessa está detido desde março de 2019, acusado de participar da execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Em sua delação premiada, Lessa confessou ser o autor dos assassinatos.
Decisão do Ministro
“[Determino] a transferência do colaborador Ronnie ao Complexo Penitenciário de Tremembé/SP, observadas as regras de segurança do estabelecimento prisional, mediante monitoramento das comunicações verbais ou escritas do preso com qualquer pessoa estranha à unidade penitenciária, inclusive com monitoramento de visitas, enquanto não encerrada a instrução processual em curso”, escreveu Moraes na decisão.
Segundo o ministro, os benefícios da colaboração premiada de Lessa dependerão da eficácia das informações prestadas, que serão analisadas durante o processo penal.
Delação Premiada e Planejamento do Crime
Moraes também retirou o sigilo dos anexos 1 e 2 da delação premiada de Lessa, que detalham a cadeia de comando e a execução do crime. Ao todo, a delação possui sete anexos. Lessa descreveu como planejou o assassinato de Marielle Franco e o que ele esperava ganhar com o crime. Em seu depoimento, que durou cerca de duas horas, Lessa revelou acreditar que a proposta criminosa seria altamente lucrativa.
Mandantes do Crime
Na delação, Ronnie Lessa indicou Domingos Brazão, ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, e seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão, como os mandantes do assassinato. Segundo Lessa, os irmãos Brazão ofereceram a ele e ao comparsa Macalé (ex-PM Edimilson de Oliveira) um loteamento clandestino na Zona Oeste do Rio, avaliado em milhões de reais.
“A proposta envolvia muito dinheiro. Na época, seriam mais de 20 milhões de dólares. Não é uma quantia pequena […]. Ninguém recebe uma proposta de dez milhões de dólares simplesmente para matar uma pessoa”, afirmou Lessa.
Reações das Defesas
A defesa de Domingos Brazão afirmou que não há elementos que sustentem a versão de Lessa e que não existem provas da narrativa apresentada. Os advogados de Chiquinho Brazão declararam que a delação de Lessa “é uma desesperada criação mental na busca por benefícios, repleta de contradições, fragilidades e inverdades”.
Fonte: G1