O vereador Marcus Brito Júnior (PV) está envolvido nas investigações da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO-MT). A investigação, que já focava em uma facção criminosa que lavava dinheiro em bares e eventos de Cuiabá, revelou transações financeiras suspeitas entre Brito Júnior e seu ex-assessor, Elzyo Jardel Pires, no valor de R$ 17.550.
Essas movimentações financeiras foram destacadas no relatório da Operação Ragnatela, desencadeada pela Polícia Federal, inicialmente direcionada ao vereador Paulo Henrique (MDB). Embora Brito Júnior não fosse o alvo principal, ele acabou sendo mencionado nas investigações.
De acordo com a denúncia, Brito Júnior, Paulo Henrique e o ex-secretário-adjunto de Fiscalização da Ordem Pública de Cuiabá, Benedito Alfredo, estariam envolvidos em um esquema para pressionar casas noturnas a contratar shows de funk com uma facção criminosa. A pressão envolvia ameaças de cassação de alvarás ou fiscalizações surpresas, que poderiam resultar na interdição dos estabelecimentos. Estas fiscalizações seriam ordenadas por agentes públicos.
O relatório indica que os vínculos de Brito Júnior e Paulo Henrique com os criminosos se davam por meio de seus assessores, Rodrigo Leal e Jardel Pires, que repassariam os valores obtidos ilicitamente para os parlamentares.
Interceptações telefônicas revelaram conversas onde Rodrigo Leal mencionou que procuraria os vereadores e o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) para pressionarem o secretário do Meio Ambiente, vereador Renivaldo Nascimento (PSDB), a assinar o alvará para um evento. Esse evento, Carreta Treme-Treme, foi realizado na Acrimat em 4 de junho de 2022, apesar da oposição do Ministério Público de Mato Grosso, que havia recebido reclamações dos moradores locais.
Após a proibição do evento pelo MP, membros da facção buscaram influenciar agentes públicos para reverter a decisão. Em uma das interceptações, Jardel menciona que contataria Paulo Henrique e Brito para pressionar a liberação do alvará.
Rodrigo Leal e Jardel Pires foram presos durante a operação em 5 de junho. Paulo Henrique foi alvo de busca e apreensão. Jardel Pires, que já trabalhou para Marcus Brito Júnior, estava lotado no gabinete de Paulo Henrique no momento da operação.
Vereador esclarece movimentações bancárias
O vereador Marcus Brito Júnior (PV) emitiu uma nota negando qualquer ligação com a facção criminosa Comando Vermelho. Ele afirmou que as movimentações financeiras identificadas eram destinadas a eventos internos de seu gabinete. “As 11 movimentações ocorreram durante um ano e sete meses, período em que Jardel esteve nomeado no gabinete. Ele auxiliava na organização dos eventos realizados pelo gabinete, conforme nosso calendário interno”, explicou.
Brito Júnior confirmou que Jardel Pires trabalhou em seu gabinete de janeiro de 2021 a julho de 2022 como assessor parlamentar externo, ajudando na formalização de indicações. “Jardel deixou o meu gabinete para trabalhar com outro parlamentar. Nunca realizei qualquer tipo de evento com ele ou qualquer outro investigado. Também não facilitei a liberação de alvarás ou autorizações, e não possuo qualquer influência ou relação com servidores das secretarias de Ordem Pública e Meio Ambiente”, justificou.
Por fim, o vereador declarou estar à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos e não compareceu à sessão desta terça-feira (11), quando foi lido o requerimento para instauração de Comissão Processante contra Paulo Henrique (MDB) devido às investigações da Operação Ragnatela.
Fonte: GazetaDigital