O dia 19 de abril é marcado como o Dia dos Povos Indígenas no Brasil. No entanto, até recentemente, a data era conhecida como “dia do índio”. A alteração para “Dia dos Povos Indígenas” foi oficializada pela Lei 14.402, de julho de 2022, refletindo uma mudança significativa na percepção e no reconhecimento das múltiplas etnias indígenas que habitam o país.
Para os defensores das causas indígenas, essa mudança vai além de uma simples alteração de nomenclatura. Ela representa um reconhecimento da diversidade e uma rejeição ao termo “índio”, historicamente atribuído pelos colonizadores europeus às populações originárias das Américas.
Márcio Kókoj Werá Popyguá, líder espiritual da Terra Indígena Mangueirinha, no Paraná, destaca que essa mudança reflete uma nova visão sobre os indígenas, retirando o caráter pejorativo associado ao termo “índio”. Segundo ele, o termo foi utilizado pelos invasores portugueses durante o processo de colonização, que erroneamente acreditaram ter chegado às Índias.
“Esse termo ‘índio’ para nós não era bom, há muitos anos a gente vinha tentando mudar isso e, agora sim, temos povos indígenas, para representar as etnias, o respeito às etnias, à questão da originalidade do povo, ou seja, somos povos originários do Brasil”, explicou Márcio.
Juliana Kerexu Rete Marian, cacique da Terra Indígena Ilha da Cotinga, no Paraná, enfatiza que o novo nome traz um debate importante sobre a percepção dos indígenas na sociedade, reforçando a ancestralidade e a origem desses povos.
A data originalmente surgiu nos anos 1940 em um congresso de antropólogos latino-americanos no México. No entanto, foi apenas nas últimas décadas que o movimento indígena e organizações indigenistas no Brasil questionaram o termo “dia do índio”, propondo uma mudança para “Dia dos Povos Indígenas” e uma ampliação do período de comemoração.
Essa mudança não apenas destaca a importância da contínua inserção dos indígenas nos debates diários como protagonistas de sua própria história, mas também serve como um lembrete de que o reconhecimento e o respeito às múltiplas culturas indígenas devem ser uma atividade permanente.
Fonte: G1