A economia brasileira enfrentou uma desaceleração no terceiro trimestre de 2023, com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) apresentando uma queda de 0,64% de julho a setembro em comparação ao trimestre anterior, e uma redução de 0,06% somente em setembro, atingindo 146,42 pontos. Esta queda confirma uma tendência de desaceleração, influenciada principalmente pelo aumento significativo dos juros no último ano.
Rafael Bacciotti, analista do Instituto Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal, aponta que fatores como a reabertura pós-pandemia e o aumento dos preços das commodities, que impulsionaram a economia em 2022, terão seus efeitos atenuados em 2023. Além disso, a política monetária restritiva e o agravamento das condições financeiras contribuem para a perspectiva de redução do Produto Interno Bruto (PIB).
O impacto das políticas monetárias e fiscais é complexo. Por um lado, a política monetária contracionista, com elevação da taxa Selic, visa conter a inflação, mas acaba por desacelerar a atividade econômica. Por outro, as medidas fiscais expansionistas do governo, como o aumento do Auxílio Brasil e outros benefícios, visam estimular a economia, mas podem gerar inflação. Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, destaca que o efeito da política monetária mais restritiva tende a anular o impulso fiscal. Além disso, a baixa capacidade ociosa da economia sugere que uma nova expansão fiscal pode levar a mais inflação, ao invés de crescimento econômico.
A análise de Rodolfo Margato, economista da XP, indica que sem os aumentos de benefícios, a desaceleração econômica seria mais acentuada. Contudo, o aumento dos gastos governamentais sem medidas de controle adequadas pode piorar as expectativas de inflação futura, criando desafios para a redução dos juros. Margato salienta que as expectativas de inflação impactam a dinâmica inflacionária atual e são um fator chave na dificuldade de cortar os juros pelo Banco Central [oai_citation:5,“Prévia do PIB” confirma tendência de desaceleração da economia e crescimento baixo em 2023.
Em resumo, a economia brasileira em 2023 enfrenta um cenário complexo. A desaceleração econômica é influenciada tanto por fatores internos, como políticas monetárias e fiscais, quanto por fatores externos, como a pandemia e o mercado global. As decisões do governo e do Banco Central nos próximos meses serão cruciais para determinar a trajetória econômica do país.
Peter Paulo