Estudo Aponta que Mais de 80% da Desvalorização do Real no 1º Semestre é Devido a Fatores Domésticos

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A recente alta do dólar, que levou a moeda norte-americana a ultrapassar os R$ 5,70, tem sido atribuída principalmente a fatores internos do Brasil. De acordo com um estudo conduzido pelo economista Livio Ribeiro, sócio da BRCG Consultoria e pesquisador associado da FGV/Ibre, mais de 80% da desvalorização do real no primeiro semestre de 2024 é resultado de causas domésticas.

Ribeiro, autor do modelo econométrico que analisa a formação do preço do dólar, afirmou que o Brasil não está sofrendo um ataque especulativo. “Não há volatilidade; o movimento de depreciação do real é unidirecional, impulsionado pelo aumento da percepção de risco do país”, explicou.

Fatores Analisados pelo Modelo

O modelo desenvolvido por Ribeiro leva em conta seis variáveis para medir a contribuição de cada uma na precificação do câmbio:

  1. Cotação diária do dólar
  2. CDS (Credit Default Swap), medida de risco-país
  3. DXY, índice do dólar contra uma cesta de moedas
  4. CRB, índice de preços de commodities
  5. Juros dos títulos públicos de 10 anos dos EUA
  6. Diferença de juros de um ano entre a taxa americana e a brasileira

Entre 29 de dezembro de 2023 e 1º de julho de 2024, o DXY teve alta de 4,5%, um aumento significativamente menor em comparação ao registrado contra o real. O estudo conclui que fatores domésticos foram responsáveis por 82,16% da alta do dólar no período, enquanto fatores externos contribuíram com 26,43%. Ribeiro destacou que essa contribuição intensa de fatores internos não é comum nos modelos analisados nos últimos 10 anos.

Pressão sobre o Banco Central

A intensa desvalorização do real tem gerado pressão para que o Banco Central intervenha no mercado cambial. Contudo, as sinalizações do BC indicam que não é o momento para intervir, já que não há disfuncionalidade no mercado ou falta de liquidez. Livio Ribeiro concorda com essa posição, argumentando que uma intervenção poderia admitir a existência de um ataque especulativo, o que realmente causaria um ataque especulativo. “Agora é o momento de manter a calma e não reagir”, afirmou.

Comunicação do Governo

Nesta terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reconheceu que a crise cambial tem sido exacerbada por ruídos criados pelo próprio governo. Sem citar diretamente o presidente Lula, Haddad enfatizou a necessidade de melhorar a comunicação sobre a autonomia do Banco Central e o arcabouço fiscal para tranquilizar os mercados. “Ajustes na comunicação são essenciais para estabilizar a situação”, declarou Haddad.

Fonte: CNNBrasil

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