A recente divulgação de vídeos da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, tem gerado intensas críticas, especialmente em relação à postura do magistrado durante os depoimentos.
Nos vídeos, Cid aparece visivelmente emocionado, negando ter sofrido pressões para delatar e afirmando que as críticas ao ministro foram desabafos pessoais. No entanto, Moraes é retratado cobrando “verdade” e advertindo sobre as consequências de eventuais omissões, o que tem sido interpretado por alguns como uma postura coercitiva.
O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) foi um dos primeiros a se manifestar publicamente, acusando Moraes de “ameaçar” familiares de Mauro Cid durante as audiências. Em vídeo divulgado nas redes sociais, Gayer questiona a legalidade da participação do ministro nas audiências de delação, sugerindo que sua posição como juiz e vítima potencial do plano golpista poderia comprometer a imparcialidade do processo.
Além disso, o ex-presidente Jair Bolsonaro compartilhou em suas redes sociais críticas à delação de Mauro Cid, questionando a validade do acordo e a atuação de Moraes. Bolsonaro argumenta que, como juiz e também vítima dos planos golpistas, Moraes não poderia participar da delação, insinuando que o ministro teria agido de forma tendenciosa.
Especialistas em direito constitucional têm debatido a legalidade da participação de Moraes nas audiências de delação, considerando seu papel como juiz e possível vítima do suposto golpe de Estado. A discussão gira em torno da imparcialidade do processo e da necessidade de garantir os direitos dos acusados, evitando qualquer forma de coação ou pressão indevida.
A divulgação dos vídeos e a postura de Moraes durante as audiências levantam questões sobre a condução do processo e a proteção dos direitos dos colaboradores. A sociedade brasileira acompanha atentamente os desdobramentos desse caso, que pode influenciar a percepção pública sobre a imparcialidade e a transparência das instituições judiciais do país.