Em uma virada diplomática de enorme proporção, o governo israelense aprovou na noite desta quinta-feira (9) um acordo de paz com o Hamas, que prevê um cessar-fogo na Faixa de Gaza em até 24 horas. O pacto também inclui a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos em até 72 horas.
O que diz o acordo: termos e trocas de prisioneiros
Segundo o texto aprovado pelo gabinete de ministros israelense, o cessar-fogo entrará em vigor um dia após a ratificação formal do governo.
Como parte do acordo, o Hamas deverá liberar cerca de 48 reféns israelenses, tanto vivos quanto mortos, enquanto Israel concorda em liberar centenas a milhares de prisioneiros palestinos.
No plano de retirada militar, Israel se compromete a recuar de zonas urbanas de Gaza, mantendo controle sobre aproximadamente metade do território durante a fase inicial.
Além disso, haverá uma aceleração na entrada de ajuda humanitária — alimentos, combustíveis e insumos médicos — para aliviar uma situação de crise humanitária grave na Faixa de Gaza.
Resistências internas: dilemas no governo Netanyahu
Embora o acordo tenha sido aprovado, nem todos os ministérios deram aval facilmente. Alguns membros da coalizão israelense, particularmente os de orientação ultranacionalista, manifestaram forte oposição à libertação de prisioneiros com histórico de atividades terroristas.
Itamar Ben-Gvir, ministro da Segurança Nacional e líder do partido ultradireitista Poder Judiciário, revelou que não pretende “erguer a mão” para aprovar o pacto.
Apesar das resistências, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu conseguiu reunir maioria de votos no gabinete para validar o acordo.
Analistas apontam que essa vitória política pode ser efêmera: o desafio real será garantir que todas as cláusulas sejam cumpridas sem recuos.
Reação internacional e expectativas futuras
A assinatura do acordo já provocou reações entusiasmadas em várias capitais do mundo. Os Estados Unidos, que mediaram diretamente as negociações, celebraram o pacto como o passo mais concreto até agora para encerrar o conflito.
Líderes árabes e organizações internacionais também se mostraram otimistas, embora com cautela diante dos desafios de implementação — especialmente no que toca à governança de Gaza e à neutralização de grupos armados.
Por outro lado, vozes críticas destacam riscos: a fragilidade de cessar-fogo em contextos históricos semelhantes, desconfiança entre as partes e disputas sobre listas de prisioneiros.
Impactos humanitários: esperança, riscos e urgências
A população da Faixa de Gaza, devastada por dois anos de bloqueios, bombardeios e deslocamentos massivos, pode enxergar um alívio imediato na possibilidade de cessar-fogo e ampliação do fluxo de ajuda.
Entretanto, a infraestrutura de saúde e saneamento está em colapso, e muitos setores ainda dependem de energia, água e insumos básicos que estão escassos ou inacessíveis.
Se o acordo falhar — como já ocorreram outros cessar-fogo frágeis no passado — as consequências podem ser dramáticas, com retomada dos combates e nova escalada de mortes e destruição.
O que vem agora: passos decisivos para a paz
Ratificação formal e implementação: o governo israelense precisa formalizar o acordo para que o cessar-fogo possa começar.
Libertação de reféns e prisioneiros: o cronograma prevê até 72 horas para troca completa das partes.
Verificação internacional: monitoramento por entidades como ONU, Egito e Catar será critico para garantir cumprimento do acordo.
Governança pós-acordo: definir quem administrará Gaza e como será desarmado o Hamas serão temas centrais.
Se bem executado, este acordo pode marcar uma guinada no cenário mais sangrento do Oriente Médio dos últimos anos. Mas o sucesso dependerá mais da aplicação efetiva do que do anúncio retumbante.








