O governo Lula já considera certa a derrubada do decreto que elevou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras): o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), afirmou que, com a medida pautada pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos‑PB), agora o foco será no “debate político” sobre o tema.
Na noite de terça-feira (24), Hugo Motta incluiu o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) na pauta da quarta (25), surpreendendo o governo. Uma reunião de emergência foi convocada no Palácio do Planalto, liderada pela ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), mas o pedido de diálogo com o presidente da Câmara foi recusado.
Aliados de Lula veem a movimentação como um sinal político planejado, não necessariamente uma disputa real. A avaliação é que Motta sinaliza pressão pública para acelerar negociações e liberar emendas — sem intenção de votar o PDL imediatamente.
Em 16 de junho, a Câmara aprovou urgência para a derrubada do decreto por 346 votos a 97. A expectativa do governo era arrecadar R$ 6 a R$ 7 bilhões com o aumento do IOF, que também vinha atrelado a uma MP com alíquotas sobre LCA e LCI.
Lindbergh alerta para o efeito prático da derrubada: R$ 12 bilhões a menos disponíveis, após cortes e contingenciamentos anteriores que já somavam R$ 20 bilhões, ameaçando áreas como saúde, educação e programas sociais.
O governo corre para liberar mais de R$ 1,7 bilhão em emendas (R$ 831 milhões apenas nesta semana), numa tentativa de acalmar a base aliada. Caso o PDL avance na Câmara, seguirá para votação no Senado — e o presidente da Casa, Davi Alcolumbre, sinalizou que pode colocá-lo em pauta ainda hoje.