O Sindicato dos Médicos de Mato Grosso(SINDIMED/MT) rebateu a informação do governo do estado que não há médicos para contratar, mas faltam condições de trabalho. Ainda mais na linha de frente contra o coronavírus.
O assunto foi discutido na noite desta quinta-feira(09) em uma Plenária Virtual promovida pelo SINDIMED que abordou “A Precarização do Trabalho Dos Profissionais da Saúde em Tempos de Pandemia” conduzida pela Presidente Sindimed-MT Evelyn Hack Bidigaray e pelo assessor jurídico advogado Bruno Álvares da Vaucher e Álvares associados.
Participaram do evento: Presidente da SOMAPE – Mohamed Kassen Omais, Representante da Associação Médica de MT – Anderson Andreu Cunha, a Presidente do CRM – Hildenete Monteiro Fortes e a Médica Especialista em Pediatra e em Saúde da Família e Comunidade – Eliana Maria Siqueira Carvalho.
Foi debatido que o governo e a prefeitura querem que os médicos participem de processos seletivos e coloquem suas vidas em risco na linha de frente da pandemia do Coronavírus sem condições de trabalho. Enquanto forem oferecidas EPIs de má qualidade, contratos de trabalho que coloquem a vida do médico em risco e a remuneração seja baixa, sem garantias para uma aposentadoria justa, sem materiais e medicamentos para atender a população, vai mesmo faltar médicos.
“Hoje temos inscritos no CRMMT 11.472 médicos ativos, sendo 6.855 médicos no estado, 3.083 em Cuiabá, 138 em VG e ainda 3.634 no interior. Não faltam médicos, faltam condições de trabalho dignas para a classe médica”, defendeu a presidente do CRM DRA Hildenete.
Segundo a DRA Eliana, ex-presidente do SINDIMED, faz 18 anos que o governo não realiza concurso para contratar médicos. “Sabemos que a precarização já vem desde 2008 com as OSSs com Pedro Henry e Silval que trouxeram a terceirização da saúde pública. Hoje em dia além de ser terceirizado, o médico virou uma empresa se ‘quarterizou’ tem que ser uma pessoa jurídica para ser contratado. Você coloca sua vida em risco e ainda o medico no Brasil é culpado de tudo. Enquanto no exterior são heróis”, disse ela.
DR Anderson da Associação Médica disse que o médico está cada vez mais massacrado e ao invés de ser reconhecido nesse momento de pandemia por estar arriscando sua vida na linha de frente é acusado de ser covarde e mercenário. “Não faltam médicos, falta fazer um concurso público. O processo seletivo é uma maneira de postergar o concurso”, afirmou Anderson.
Vários médicos mostraram sua indignação durante a plenária através do chat. Ao final ficou definido que será criada uma agenda das entidades médicas do estado no intuito de se abrir um diálogo para a realização do concurso público para que ao invés de processos seletivos, o médico possa assumir o cargo com condições de trabalho e qualidade de vida, já que como seres humanos eles estão tão sujeitos ao coronavírus quanto a população. E um médico a menos faz muita diferença no atendimento de pessoas.