Em uma resposta direta ao “tarifaço” de 50% promovido pelo governo norte-americano sobre produtos brasileiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou nesta quinta-feira (28) o início de procedimentos formais para a aplicação da Lei da Reciprocidade Econômica. A ação visa pressionar Washington por uma relação comercial mais equilibrada e fortalecer o protagonismo brasileiro no cenário global.
O Ministério das Relações Exteriores encaminhou à Câmara de Comércio Exterior (Camex) uma solicitação para análise das providências a serem adotadas — o órgão terá 30 dias para elaborar um parecer sobre possíveis contramedidas. Após parecer, o Brasil comunicará oficialmente sua decisão aos Estados Unidos, o que deve ocorrer ainda nesta sexta (29).
Uma resposta estratégica ao “tarifaço”
A medida representa uma escalada na disputa diplomática entre Brasília e Washington, em meio a uma série de ações unilaterais impostas pelos EUA desde julho. O governo brasileiro, por sua vez, já acionou a Organização Mundial do Comércio (OMC) e avalia a adoção de restrições à repatriação de lucros de empresas americanas. A retaliação agora segue o respaldo legal da Lei da Reciprocidade, prevista para proteger interesses nacionais diante de ações externas desproporcionais.
Cautela do setor industrial
Apesar da mobilização governamental, a iniciativa encontra resistência em setores da indústria. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considera que não é o momento indicado para acionar a Lei da Reciprocidade. O presidente da entidade, Ricardo Alban, defende que o foco deveria estar em negociações, “cautela e discussões técnicas” para evitar o agravamento da crise econômica. A CNI, inclusive, está organizando uma comitiva de mais de 100 empresários para viajar a Washington na próxima semana, em um esforço diplomático e econômico visando a reverter o impacto das tarifas.








