G1
A China denunciou nesta sexta-feira (7) o que considera “manipulação e repressão políticas” dos Estados Unidos pela proibição dos aplicativos chineses TikTok e WeChat decretada por Donald Trump.
O presidente americano anunciou na quinta-feira que os dois aplicativos símbolos da tecnologia digital chinesa devem interromper as operações nos Estados Unidos em um prazo de 45 dias, caso eles não sejam vendidos para companhias americanas por suas empresas de origem.
O porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Wang Wengbin, acusou Washington de “colocar interesses egoístas acima dos princípios de mercado e da norma internacional”, segundo a agência France Presse.
Os Estados Unidos “fazem uma manipulação e uma repressão política arbitrárias que só podem levar ao seu próprio declínio moral e prejudicar sua imagem”, acrescentou.
A ordem executiva de Trump proíbe “qualquer transação por qualquer pessoa, ou com relação a qualquer propriedade, sujeita à jurisdição dos Estados Unidos, com a ByteDance” (controladora do TikTok), a partir de 45 dias.
A medida aumenta a pressão sobre a ByteDance para que conclua as negociações de venda da plataforma de vídeos para a Microsoft, além de criar outra fonte de confronto entre a Casa Branca e Pequim.
O presidente também assinou um decreto contra a plataforma WeChat, do grupo chinês Tencent. O WeChat é um aplicativo de troca de mensagens instantâneas para dispositivos móveis e concorrente do WhatsApp. Ele foi lançado em janeiro de 2011 e um dos apps de mensagens mais usados no mundo, com mais de 1 bilhão de usuários mensais ativos.
TikTok ameaça entrar na Justiça
Em um comunicado, a empresa que gerencia o aplicativo ameaça entrar na Justiça contra a decisão de Trump que proíbe transações comerciais com empresa que gerencia aplicativo.
“Utilizaremos todos os meios os meios disponíveis para assegurar que o Estado de Direito deve ser respeitado e que nossa empresa e nossos usuários recebam um tratamento equilibrado”, diz o comunicado da ByteDance, proprietária chinesa da rede social TikTok. “Se não for junto ao governo americano, então será nos tribunais.”
O que Trump alega
Donald Trump alegou “urgência nacional” no caso do aplicativo de vídeos TikTok, muito popular entre os adolescentes, que Washington acusa, sem apresentar provas, de espionar os usuários americanos em benefício de Pequim.
As ordens foram assinadas no mesmo dia em que o Senado votou, por unanimidade, um projeto de lei do senador Josh Hawley que proíbe funcionários federais de usar o aplicativo de compartilhamento de vídeos TikTok em dispositivos cedidos pelo governo.
O aplicativo foi criticado por parlamentares norte-americanos e pelo governo Trump, que alegam questões de segurança nacional devido ao fato de ser controlado pela companhia chinesa ByteDance.
Ambas as ordens executivas dizem que os aplicativos “captura(m) automaticamente vastas faixas de informações de seus usuários … essa coleta de dados permite que o Partido Comunista Chinês acesse as informações pessoais e proprietárias dos americanos”.
Na segunda-feira (3), Trump aceitou a possibilidade do TikTok ser comprado por um grupo americano, mas a transação terá que acontecer antes de 15 de setembro, quando a plataforma será proibida. A Microsoft está em negociações com a ByteDance para adquirir as operações da rede social nos Estados Unidos.
As ações do gigante chinês Tencent, proprietário da plataforma WeChat, fechou em queda nesta quinta-feira depois da decisão de Trump. A baixa nesta sexta-feira registrada na bolsa de Hong Kong foi estimada em 5,04%.